Devotees - By Elaine blog Sensações de uma cadeirante.


Descobri o termo em uma comunidade do orkut e fiquei curiosa para saber mais a respeito. Passei a ler artigos, blogs e afins, além de discutir o assunto com alguns devotees via MSN. Ainda serei uma pesquisadora profissional heheehe.


Nós da turma matrixiana nem sempre reconhecemos um devotee de cara, até porque não vem escrito na testa de ninguém, mas com uma conversa dá pra constatar e tirar algumas conclusões. O que não pode acontecer é nos privarmos de conhecer pessoas que possam nos satisfazer emocionalmente. 


O importante é diferenciarmos a pessoa que é um devotee por apreciar a diversidade humana, que deseja sair do óbvio, do certinho, do convencional, para o devotee patológico que só tem olhos e tesão para a deficiência com seus aparatos: cadeira de rodas, muletas e aparelhos ortopédicos. 


Por tudo que já li cheguei a conclusão que ser um devotee não é doença, a não ser em casos restritos que ultrapassa o bom senso como já disse. No texto abaixo teremos a definição de devotee e suas ramificações com uma visão simplificada e inteligente.










Devoteísmo é um assunto complexo e controverso, no entanto o debate é necessário. É um tema pouco discutido e pesquisado, talvez por tratar-se de um assunto em que uma discussão poderia cair em uma areia movediça, pois é um tema cheio de incertezas.



Acredito que muitas pessoas nunca ouviram falar desse termo. Devotee ou devoto, segundo dicionário americano, significa aquele ardentemente devotado a algo ou um defensor entusiasta. No dicionário brasileiro significa aquele que denota devoção ou um admirador. Dessa forma, penso que no campo da deficiência significa indivíduo ardentemente devotado ou defensor de pessoas com deficiência. Partindo dessa premissa, enquanto pessoa com deficiência entendo que meus pais, irmãos, familiares e amigos são devotees. Se essas pessoas devotam um amor tão grande por mim e são defensores desse segmento da sociedade, logo são devotees.




Assim como devotees sentem amor paternal, maternal ou fraternal pela pessoa com deficiência, certamente eles também sentirão atração física ou paixão por essas mesmas pessoas. Então entendo que meus ex-namorados sem deficiência são devotees. A partir dessa linha de pensamento concluo que felizmente há milhares de devotees no mundo, que há milhares de pessoas que sentem prazer em se relacionar ou conviver com as diferenças individuais, que há diversas pessoas que apreciam a diversidade humana e as singularidades de cada corpo.




A meu ver devotees sentem atração e desejo como qualquer outra pessoa sente por alguém que esteja fora do padrão de beleza idealizado pela sociedade ou até mesmo por uma questão de dizer não ao conservadorismo. Assim como há homens ou mulheres que sentem atração por pessoas muito altas ou muito baixas, muito gordas ou muito magras ou sentem atração pela pessoa do mesmo sexo, há os devotees que sentem atração por pessoas com deficiência. Acredito que cada pessoa é livre para fazer sua escolha.

Como há devotees interessados na pessoa com deficiência, com a intenção de um relacionamento efêmero ou duradouro, há também devotees interessados somente em satisfazer seus prazeres, seus fetiches, suas obsessões… Esses indivíduos estão interessados mais na deficiência do que na pessoa, certamente são casos patológicos e precisam ser tratados. Nesse caso a própria pessoa com deficiência deve ser cautelosa, a fim de evitar o envolvimento com essa pessoa. Se a pessoa com deficiência gosta de si mesma e se valoriza, certamente ela avaliará cuidadosamente a pessoa com quem pretende se envolver. Isso é muito importante. Quero ressaltar que assim como há devotees obsessivos e compulsivos, há também homens ou mulheres que não são devotees e têm a mesma doença.




Como disse no início do texto, há pouquíssima pesquisa sobre esse tema no Brasil. Entre os que conheço há o estudo da jornalista Lia Crespo. Seria muito interessante se houvesse mais pesquisadores interessados nesse assunto tão pertinente.


Para finalizar, no meu entendimento, não podemos afirmar que todo devotee que sente atração física por uma pessoa com deficiência é um predador, insensível e perverso. Como também acredito que a palavra “devotee” não pode ser rotulada como algo pernicioso. Tudo deve ser devidamente ponderado. Como tudo na vida, precisamos separar o joio do trigo.



Deixo abaixo alguns termos que envolvem o universo da sexualidade de um deficiênte:



Devotees: Pessoas heterossexuais, homossexuais ou bissexuais que sentem atração por deficientes físicos, exercendo ou não essa atração. Em alguns casos os devotees não chegam a manter relações sexuais com os deficientes por alguns motivos, um deles ser um devotee cuidador que visa cuidar, estar por perto sem no entanto vivenciar essa devoção sexualmente. Mas como não é minha intenção nesse texto falar das outras nuances do devoteísmo, deixo para outra hora falar delas e sua hierarquia.

Pretenders: Pessoas heterossexuais, homossexuais ou bissexuais que sentem prazer em ter contato com os aparatos dos deficientes, cadeira de rodas, muletas, próteses, órteses ou até mesmo a imobilidade e impossibilidade do deficiente. Nesses casos, pretender são comumente confundidos com wannabes que ainda não comentei, mas o farei a seguir. Pretenders visam o prazer fingindo ser um deficiente, utilizando desses aparatos ou se imobilizando com faixas algumas vezes e inclusive em lugares públicos. Em alguns casos o deficiente se sente preterido por seus aparatos.E finalmente,

Wannabes: São considerados wannabes pessoas que de fato tentaram uma auto mutilação e estão intrinsecamente ligados à amputação. Existe nesses comportamentos uma inadequação com o corpo subjetivo e o corpo objetivo. A incidência é quase exclusivamente masculina e a aversão quase sempre pelos membros inferiores. O quê leva essas pessoas a desejarem imensamente serem amputados de fato. E em alguns casos a provocarem essas amputações.



Fonte: por Vera Garcia do Blog Deficiente Ciente 
             Blog O Universo dos Desejos Tortos

Acessibilidade Épura Formatura - Nota Zero.



No ultimo sabado, meus colegas de faculade e eu, fomos as dependencias da Épura Formaturas experimentar a beca e fazer as primeiras fotos para a formatura, por se tratar de uma empresa conceituada achei que a acessibilidade fosse muito melhor, afinal não sou a primeira e nem a ultima cadeirante a se formar.

O primeiro obstáculo é passar pelo portão, pois existe um degrau de mais de 10cm, e a calçada além de estreita, está quebrada e por pouco não fico pra fora pois as portas de entrada são estreitas. Além disso não há estacionamento próprio ou marcação de vaga preferencial.

Dentro do prédio existem alguns pequenos degraus que de fato não atrapalham, mas que se não existissem facilitariam muito a locomoção. A Épura não possui nenhum banheiro adaptado para cadeirantes, até conseguimos, com algum esforço, entrar no banherio feminino, mas não existem barras.

Além disso os fotográfos não sabem lidar com cadeirantes, queria dizer a eles que somos iguais a todos os outros e não queremos tirar fotos só de rosto pra esconder a cadeira, mas queremos sair dela pra que sintamos que ela não é parte permannte de nós, mas sim um meio de locomoção.

Por tudo isso, nota zero em acessibiliadde para a Épura Formatura e nada de cadeirinhas da acessibiliade para eles.

Gostaria de terminar dizendo que espero mesmo que a Épura se adeque, porque assim como eu outros cadeirantes estão buscando seu 'lugar ao sol' e por isso estão cada vez mais frequentando a faculdade, cursos profissionalizantes e ora ou outra vão precisar dos serviços de uma empresa como a Épura e a preferencia vai ser para os que estiverem preparados.

 
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