Segundo estimativas do Ministério do Trabalho e Emprego, no Brasil existem 851 mil vagas reservadas para portadores de necessidades especiais, mas apenas 28% delas foram preenchidas. De acordo com a consultora Andrea Goldschmidt, outro fator que contribui para esse quadro é a falta de pessoas com experiência e qualificação. “Apesar da existência da lei, é importante lembrar que estamos falando de mercado, e que as empresas querem funcionários qualificados”, aponta.
Esse problema poderia ser amenizado com a oferta maior de cursos de qualificação. “Temos 16,7 milhões de deficientes com idade entre 15 e 59 anos. Acho que faltam incentivos para inserir todo mundo no mercado de trabalho”, acrescenta Carlos Aparício Clemente, coordenador do Espaço da Cidadania.
A carência de conhecimento sobre a lei também é determinante. A procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT-PR), Thereza Cristina Gosdal, diz que isso ocorre apesar do trabalho do órgão, que desenvolve ações de conscientização, participando de audiências públicas e palestras pelo estado. O Tribunal Regional do Trabalho também participa de atividades com essa finalidade. Ontem o órgão promoveu uma reunião para debater a questão dos direitos dos trabalhadores com deficiência no Brasil, presidida pelo desembargador federal do Trabalho Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, primeiro cego do país a ser nomeado juiz. O foco principal das discussões foi o desrespeito à lei de cotas para deficientes nas empresas.
Necessária
Apesar de não cumprida com rigor no Paraná e no Brasil, para os especialistas, a lei, além de necessária, representou um avanço desde que foi instituída. Na opinião da procuradora Thereza Cristina, a lei gerou um progresso. “A situação é muito melhor do que há 10 anos. Essa lei ajudou a quebrar o preconceito que existia”, diz.
Para a consultora Andrea Goldschmidt, a postura tem que ser de inclusão. “A empresa não pode transformar a lei em um programa filantrópico. É importante que os empresários saibam que, na maioria das vezes, vão encontrar profissionais sem experiência, mas com qualificação. A empresa tem que estar disposta a investir um pouco mais nesse profissional.”
Sobre a lei, Andrea acha que se ela não existisse, as pessoas não estariam nem discutindo o assunto. “A lei tem um papel importante. Faz pensar. Não podemos excluir. Eu não cresci convivendo com um deficiente. Na maioria das vezes nós não fomos preparados para isso. Mas a lei fez com que nos adaptássemos e aceitássemos mais."
Nenhum comentário:
Postar um comentário